Jéssica Cecim recebeu Prêmio CREA-SP de Formação Profissional durante colação de grau universitária
Jéssica Cecim, à esquerda, com a colega Tainá Souza, do curso de Geologia (Foto: divulgação)
“Levei o maior susto quando chamaram meu nome”. Foi assim, de surpresa, que Jéssica Cecim descobriu durante sua colação de grau de bacharel de Geografia na Unicamp que tinha ganhado o Prêmio CREA-SP de Formação Profissional. O critério para a premiação é o desempenho acadêmico dado pela média das notas obtidas pelos alunos nas disciplinas da graduação. A estudante, que foi aluna do Cursinho Prof. Chico Poço em 2010, obteve o melhor desempenho acadêmico da sua turma de graduandos em Geografia.
Apesar de ter ressalvas quanto ao prêmio por acreditar que ele incita uma lógica de competição entre os alunos, além de qualificá-los apenas a partir de suas notas, a geógrafa acredita que a premiação foi importante por causa da representatividade. “Depois do susto, morri de felicidade quando chamaram também a Tainá do curso de Geologia. Duas mulheres em meio a cursos nos quais a figura masculina tem maior destaque e o machismo rola solto todo dia. Sempre estive mergulhada em várias crises e questionamentos acerca da minha própria identidade, mas foi nesse dia, nesses instantes, que me reconheci pela primeira vez, com convicção, enquanto mulher negra. Éramos duas mulheres negras diante de uma mesa de professores homens e brancos. O prêmio, mesmo com as ressalvas que possui, nos serviu para um grande propósito: mostrar que representatividade importa, sim”, declara.
Cursinho foi fundamental em sua trajetória acadêmica
Para Jéssica, sua experiência como aluna do Cursinho CP² foi fundamental em sua trajetória acadêmica, tanto na formação de sua identidade enquanto geógrafa e professora de Geografia, como para que ela um dia tenha acreditado que poderia estar onde está hoje. “Passar pelo CP² me ajudou a acreditar na possibilidade de acesso e ocupação da universidade pública”, enfatiza.
Atualmente, Jéssica é professora do Proceu Conhecimento, um cursinho popular sediado em Barão Geraldo, onde busca repassar aos alunos os mesmos ensinamentos que aprendeu. “Um dos maiores valores que procuro trabalhar com meus alunos é o de ir contra o sistema educacional que nos afasta da universidade, que leva em consideração de onde viemos para nos dizer onde não devemos estar - que é na universidade pública.” E a geógrafa dará continuidade à sua trajetória acadêmica dentro de uma universidade pública, pois acabou de ingressar no mestrado também na Unicamp, na área de ensino de Geografia e currículo.
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